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Quatro coisas que você precisa saber sobre transformação digital na comunicação

Claudio Cardoso | Alfa Collab | setembro 2022

Daqui a vinte anos você ficará mais decepcionado com as coisas que não fez do que com as que fez. Por isso, jogue fora as amarras. Navegue para longe do porto seguro. Capture os ventos alísios em suas velas. Explore. Sonhe. Descubra.

Mark Twain

Primeiro: computação nas coisas mais banais

A computação surgiu em grandes empreendimentos. Primeiramente, resolvendo equações complexas e gerenciando grandes negócios. Depois, apoiando executivos em todo o mundo. Daí, saltou os muros e passou a servir de interface entre pessoas comuns, governos e empresas. Agora ela está no seu carro, em sua cozinha, no dia a dia, de forma magnética, hipnótica às vezes. Você acorda com o alarme programado pela agenda, toma seu café e a sua ducha, dá uma olhada nas mensagens, responde o que interessa, lê notícias selecionadas e vai até a garagem. Daí, do nada, aparece no painel do carro ou no celular, tanto faz, aquele roteiro habitual. Ou seja, o destino cotidiano das suas manhãs. Enquanto isso, no trajeto, aparecem ofertas para facilitar os planos de viagem que surgiram no papo de ontem à noite com amigos.

Segundo: colete dados de forma impecável

Todo mundo já ouviu falar que a informação é o novo petróleo. Todo mundo, de alguma forma sabe que os dados são cada vez mais decisivos. Contudo, poucos estão preparados para lidar com esta realidade. A coleta e o registro sistemáticos de informações, surpreendentemente, ainda são raros nos pequenos e médios empreendimentos. E mesmo nas grandes organizações. A internalização do esmero no registro de dados – por exemplo, a coleta do e-mail e do WhatsApp de cada cliente ou prospect, associado ao registro das transações realizadas – deveria ser uma obsessão de empresários e colaboradores. Não precisa de nada sofisticado. Basta a agenda eletrônica disponível em qualquer celular, ou uma planilha bem cuidada, até mesmo um caderninho de notas bem-organizado. Vale gravar conversas, desde que autorizadas. Estamos na era dos assistentes de voz, afinal. Isso muda tudo.

Terceiro: organize os dados, depois reflita sobre eles

Dados não servem para nada se não forem organizados de forma deliberada para revelarem correlações desejadas. Está confuso? Então lhe dou um exemplo: quantas pessoas da sua agenda moram em Fortaleza? Pode ser interessante para quando estiver por lá. E quais delas trabalham em empresas que faturam mais de 200 milhões de reais por ano? Nada que o Google não consiga informar. Desde que você colete no maior capricho o DDD e onde trabalham seus contatos. O esmero está na qualidade dos registros. Um digito errado e todo o trabalho será em vão. O marketing digital é muito eficiente, porém dependente dos dados. Se a coleta for malfeita, a sua mensagem não chega e o retorno nunca vai acontecer. Especialistas do ramo vão criar cookies em seus websites, capturar dados de todos os cliques, registrar interações, buscar correlações de tudo o que for registrado. Crescentemente, você vai utilizar fotos e áudios gravados nas interações. Comece hoje. E capriche na digitação.

Quarto: podcasts são o novo rádio e a nova televisão

A era do audiovisual alcançou níveis ainda mais altos com os canais das mídias sociais veiculando podcasts em grande intensidade, especialmente para smartphones. O rádio e a televisão prepararam o terreno por décadas e décadas, habituando praticamente toda a sociedade ao consumo diário de conteúdo em áudio e vídeo. Hoje esses formatos são amplamente dominantes, superando de longe – para o bem e para o mal – o tempo dedicado à leitura. A disputa pelo topo da audiência não mais se dá entre uma editora ou outra, ou entre grandes jornais e revistas impressas, mas entre plataformas de streaming. Youtube e Netflix se revezam na liderança, acompanhadas de perto por concorrentes ferozes. O consumo diário de vídeos online atinge marcas na faixa dos 40% de todos os consumidores, e de áudio, em torno de 25% (Nielsen, 2022). Segmentos relevantes no mundo dos negócios têm grande predileção por conteúdos em áudio, mais acessíveis para consumo em trajetos. O Spotify vem se destacando com canais de entrevistas e veiculação de resumo de notícias. A disputa por atenção é ponto crítico na enxurrada de podcasts publicados diariamente. Nesta direção, o debate entre comunicadores pelo melhor formato levanta dúvidas sobre, dentre outros, o tempo de exibição. Depois de analisar quase dois mil anúncios com mais de 60 segundos, a equipe do Google Ads afirma que descobriu a duração ideal para conquistar a audiência: o intervalo perfeito seria entre dois e três minutos, porém, desde que se explorem “ganchos narrativos” nos primeiros segundos, tais como perguntas ao consumidor ou sinais emocionais surpreendentes, diferentes dos esperados. Todas essas conclusões baseadas em dados, naturalmente.

Este artigo é uma atualização de “O discreto charme dos estatísticos”, do mesmo autor, publicado em 20 de abril de 2017 no Portal Aberje

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