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Além do Básico: a Empresa no Ecossistema

Claudio Cardoso e Francisco Perez | Alfa Collab | Março 2024

Programas de inovação levam startups até as grandes corporações, mas, raramente as integram aos ecossistemas da nova economia, que gera ainda mais valor

A digitalização de qualquer setor da economia tornou-se praticamente obrigatória. Sob este novo mandamento, a maioria das organizações apostou em programas de inovação, mais ou menos avançados, com ambições mais ou menos arrojadas, porém, quase sempre na mesma toada: a construção de ecossistemas em torno do negócio.

Este é um amplo movimento em curso, nele destacando-se a atração de startups com dois objetivos principais: (i) atrair startups para consumir suas inovações pelo acoplamento ao legado corporativo, visando sobretudo ao lançamento de produtos e serviços e, (ii) para o investimento de risco pelas organizações naquelas startups mais promissoras ou mais estratégicas para o negócio, seja por meio de programas de Corporate Venture Capital ou por meio de parcerias com fundos de VC.

Neste artigo damos início a uma série que pretende explorar uma nova direção nesta jornada, um caminho alternativo que se mostra ainda mais promissor e rentável: ao invés de apenas construir ecossistemas de startups em torno das necessidades e das ambições empresariais, é preciso conduzir a própria organização aos ecossistemas da nova economia, tornando-a integrante ativa e fluente.

Esta abordagem, que se ocupa em elevar e intensificar a participação de grandes corporações na nova economia, favorece, principalmente, a emergência de novos modelos de negócio, antes invisíveis. Algo similar a mover um velho móvel da casa antiga. Descobre-se, em meio à poeira, o anel de casamento que havia misteriosamente desaparecido.

O poder mais imediato da experiência em um ecossistema é o do networking. Ao abandonar a tradicional posição de centro gravitacional dos fornecedores, parceiros e, mais recentemente, de startups, a empresa exercita a descoberta de novos caminhos que sequer existiam. É deste ponto em diante que emergem novos modelos de negócio, não raro de grande potencial de crescimento e rentabilidade.

A experiência nos mostrou que somente após este deslocamento – do centro para uma posição de igualdade com os demais participantes dos ecossistemas – infinitas potencialidades acumuladas pela organização se fazem notar. Revela-se, por exemplo, a sua capacidade de distribuição, o amplo domínio da cadeia de fornecedores e de parceiros, o prestígio da sua marca para explorar novos mercados, e vários outros atributos.

Neste novo desenho ainda pouco explorado, o ecossistema não mais se organiza em torno da empresa, mas a convida a participar como mais um dos integrantes em sua vibrante dinâmica de conexões e relacionamentos.

Quatro abordagens para resultados exponenciais na nova economia

O Flywheel da Transformação é fruto de uma longa jornada de trabalho em programas de inovação que culmina com a reunião de visões e abordagens destinadas à promoção da transformação digital e cultural. Essencialmente, nele se consolidam quatro frentes de ação que, atuando em conjunto, promovem da transformação digital e cultural das organizações.

Flywheel da Transformação | altavive.com

O seu ponto de partida é a construção de conexões e de relacionamentos estratégicos com startups e outros atores da nova economia, além dos próprios clientes da organização. Algumas atividades preparatórias, relativas ao desenho estratégico, precedem este “primeiro ponto”. Vamos explorá-los em artigos próximos. Por ora, é importante destacar que o centro do flywheel representa o ecossistema que vai se articulando em torno das estratégias da organização.

Abordagem 1

Dedicada à identificação e acoplamento de startups que resolvem problemas, trazem agilidade e eficiência para o negócio.

Abordagem 2

Dedicada ao desenvolvimento de produtos e serviços, geralmente em parceria com as “startups do programa”, para o próprio mercado criado pela nova economia, hoje já em dimensões relevantes.

Abordagem 3

Dedicada à estruturação de investimentos a partir da identificação de sinergias ou acordos operacionais com as startups visando à obtenção de ganhos com upside e a originação de deals para M&A.

Abordagem 4

Esta abordagem representa a ambição máxima da nossa metodologia, onde se desenvolvem novos modelos de negócios pela integração de clientes, parceiros e competidores aos ecossistemas da nova economia. Oportunamente, dedicaremos novos artigos para apresentar experiências desta natureza que fazem emergir novos modelos exponenciais.

A grande maioria dos programas de inovação atraem ecossistemas da nova economia até as grandes corporações. Ainda não são comuns iniciativas que observam essa direção diferenciada, conduzindo empresas bem estruturadas para ricas experiências em jornadas de criação de modelos de negócios inspirados pelo contato direto com o espírito inovador.

Continua.

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