Claudio Cardoso e Francisco Perez | Alfa Collab | Dezembro 2023
Conexão é palavra-chave para acelerar o imenso valor destravado por programas de inovação
No cenário empresarial atual, gestores de negócios frequentemente enfrentam a difícil tarefa de equilibrar resultados imediatos com investimentos de longo prazo. Os programas de inovação, apesar de reconhecidos por seu potencial transformador, muitas vezes são vistos como investimentos incertos e pouco tangíveis. E de médio a longo prazos. No entanto, um exame mais profundo revela que tais programas não apenas alimentam a criatividade e a inovação interna, como também estabelecem conexões valiosas com diversos atores dos ecossistemas de inovação e, recorrentemente, geram resultados com inesperada rapidez.
Um dos principais pontos de conexão dos programas de inovação reside na sua capacidade de se vincular com os mais diversos protagonistas da nova economia. Ao estabelecerem laços estreitos com startups, pesquisadores, hubs de inovação, programas de Corporate Venture Capital, Venture Builders ou investidores de risco, esses programas se transformam em catalisadores de um ecossistema dinâmico e prolífico.
Ecossistemas operam como redes de conexões com vários atores que por sua vez trazem, a médio e longo prazo, a oportunidade de participar de resultados em múltiplos financeiros significativos. Adicionalmente, ecossistemas são verdadeiros radares de oportunidades e ameaças, capazes de detectá-las – tanto as melhores oportunidades, como as piores ameaças – de forma rápida e certeira já que acessa diretamente essas fontes. Por isso, programas baseados na construção de ecossistemas quase sempre trazem resultados de curto prazo.
O papel diferencial das startups
As startups, em especial, desempenham papel importante nos ecossistemas. Elas são a encarnação da essência da inovação, pois abraçam com audácia a exploração de novas ideias e de novas abordagens com máximo arrojo. Os programas de inovação oferecem a plataforma ideal para conectar essas iniciativas mais incipientes e arrojadas com corporações estabelecidas, fomentando uma simbiose de conhecimento, agilidade e recursos.
A conexão com iniciativas empresariais, seja diretamente por meio de programas corporativos de ventures (CVC) ou com iniciativas de novos negócios, é um dos mais férteis terrenos da atualidade. Um dos exemplos notáveis de colaboração entre uma grande empresa e uma startup que gerou um novo negócio bem diferente do que a empresa já fazia é a parceria entre a General Electric (GE) e a startup Local Motors, para criar o FirstBuild.
A GE, tradicionalmente associada à fabricação de equipamentos industriais, e a Local Motors, uma startup focada em inovação no setor automotivo, se uniram para explorar oportunidades no mercado de eletrodomésticos inteligentes. O FirstBuild é um laboratório de inovação e uma micro fábrica que se concentra na co-criação de eletrodomésticos conectados e de alta tecnologia. A ideia inicial era criar produtos inovadores com ciclos de desenvolvimento mais curtos, aproveitando a agilidade e a mentalidade disruptiva da Local Motors, em contraste com a estrutura mais tradicional e mais lenta da GE.
Um dos primeiros produtos nascidos dessa colaboração foi o Opal Nugget Ice Maker. Essa máquina produz gelo em formato de pequenos pedaços, ideal para bebidas geladas, e logo se transformou em um grande sucesso comercial. A GE trouxe a sua experiência em design, manufatura e distribuição, enquanto a Local Motors contribuiu com ideias frescas, métodos ágeis de desenvolvimento e a capacidade de se adaptar rapidamente às demandas do mercado.
Ecossistemas e conexões de valor são quase sinônimos
A conexão com pesquisadores é outro componente essencial dos programas de inovação. A colaboração com mentes inquietas, imersas em estudos e investigações de ponta, abre portas para a aplicação prática de descobertas revolucionárias. Essa interação não apenas alimenta a inovação, mas também permite que empresas antecipem e resolvam dores ainda não percebidas pelos consumidores.
Os hubs de inovação servem como locais de convergência, reunindo talentos, ideias e recursos. Ao integrar-se a esses espaços, os programas de inovação se beneficiam de um ambiente propício à troca de ideias e ao surgimento de colaborações inesperadas.
A presença de investidores de risco dentro desses ecossistemas também é um fator vital. Eles proporcionam o impulso financeiro necessário para transformar ideias promissoras em empreendimentos sólidos e escaláveis, impulsionando a inovação e acelerando o ciclo de desenvolvimento.
O verdadeiro valor de um programa de inovação não reside apenas na geração de novos produtos ou serviços, mas na construção de ecossistemas robustos e interconectados. Esses ecossistemas abrigam parceiros criativos, unidos por um propósito comum: a busca incessante pela criação de alto valor diferencial. São nesses espaços que as sinergias se materializam, resultando na concepção de negócios verdadeiramente inovadores, capazes de resolver necessidades latentes e de superar expectativas. Programas de inovação, ao estabelecerem conexões com diversos atores da nova economia, desempenham um papel essencial na construção de ecossistemas colaborativos. Eles não apenas impulsionam a criatividade e a inovação dentro da própria empresa, mas também catalisam a formação de redes dinâmicas de parceiros, cujo foco é a geração de valor com grande diferencial competitivo e alto potencial de crescimento. É nessa intersecção de ideias, talentos e recursos que o verdadeiro potencial da inovação se manifesta, abrindo caminho para um futuro empresarial vibrante e sustentável. O gênio humano reunido em torno de desafios valiosos costuma dar respostas rápidas.