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A Importância da Gestão de Risco da Inovação

Claudio Cardoso e Francisco Perez | Maio 2024

O tema da gestão de risco da inovação segue duas vertentes de aplicação bastante distintas: uma de caráter mais operacional, outra mais estratégica. A primeira, de amplo domínio; e a segunda, ainda sem métodos disseminados

A gestão de risco da inovação é um campo recente e complexo que aborda a necessidade de equilibrar recursos de tempo e dinheiro aplicados em novas iniciativas com a mitigação das incertezas associadas aos investimentos. Os riscos podem ser percebidos em duas vertentes distintas, cada uma com suas próprias nuances e os seus próprios desafios.

Vertente Operacional: gerenciando o risco em startups

A primeira vertente da gestão de risco da inovação está relacionada ao investimento em startups. Startups são entidades empresariais que, por sua própria natureza, apresentam uma alta dose de imponderabilidade. São iniciativas frágeis, instáveis e, muitas vezes, prematuras. Investir em startups implica em assumir riscos significativos.

Modelo para Gestão de Risco da Inovação (Alfa Collab, 2024)

Os fundos de investimento em Venture Capital (VC) e os programas de Corporate Venture Capital (CVC), juntamente com os programas de inovação aberta, desempenham um papel crucial nesse contexto. Eles detêm expertise bastante avançada em avaliar e gerenciar os riscos associados a esse tipo de investimento. Isso é feito por meio de análises criteriosas das características das startups, incluindo suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças.

Essas entidades desenvolveram metodologias sofisticadas (exemplo na figura acima) para avaliar o potencial de crescimento e sucesso da iniciativa. Processos como due diligence detalhada, diversificação de portfólio, aproximação e convívio com fundadores, e apoio ativo à gestão das startups são algumas abordagens utilizadas para minimizar riscos desta natureza [1].

Vertente Estratégica: o risco de não inovar

A segunda vertente da gestão de risco da inovação é talvez ainda mais crucial para o sucesso a longo prazo de uma empresa. Trata-se do risco de não inovar, ou inovar de maneira insuficiente e inadequada. Ao contrário do risco operacional associado ao investimento em startups, o risco de não inovar é mais sutil e menos tangível, mas não menos significativo.

Neste contexto, a gestão de risco da inovação enfrenta um desafio único: a falta de metodologias sistematizadas e bem disseminadas para avaliar e mitigar esse tipo de risco. Enquanto os métodos de mitigação de riscos operacionais estão bem estabelecidos, a abordagem para lidar com o risco de não inovar é menos clara.

O temor de ficar para trás em relação aos concorrentes e de eventualmente levar a empresa à obsolescência competitiva é uma preocupação constante para as organizações que buscam manter sua relevância no mercado. No entanto, a avaliação precisa desse risco e a implementação de estratégias eficazes para mitigá-lo ainda estão para serem desenvolvidas.

Estratégias para Mitigação de Riscos de Inovação

Para lidar com o risco de não inovar, as empresas podem adotar algumas estratégias:

  • Criação de uma cultura de inovação: promover uma cultura organizacional que valorize e incentive a inovação em todos os níveis da empresa pode ajudar a reduzir o risco de não inovar;
  • Parcerias estratégicas: construir ecossistemas de inovação em torno da estratégia empresarial de modo a desenvolver parcerias com startups e atores relevantes da nova economia, além de colaborar com outras empresas, incluindo competidores, e instituições de desenvolvimento científico pode proporcionar acesso a novas tecnologias, conhecimentos e perspectivas, reduzindo assim o risco de ficar para trás no mercado;
  • Flexibilidade e agilidade: desenvolver uma estrutura organizacional flexível e ágil pode permitir que as empresas respondam rapidamente às mudanças no ambiente de negócios e aproveitem novas oportunidades de inovação;
  • Monitoramento do ambiente competitivo: estar atento às tendências do mercado e às estratégias dos concorrentes pode ajudar as empresas a identificarem áreas de oportunidade para inovação e antecipar possíveis ameaças;
  • Investimento em pesquisa e desenvolvimento: alocar recursos significativos para atividades de pesquisa e desenvolvimento pode impulsionar a geração de novas ideias e soluções inovadoras;
  • O princípio dos pequenos movimentos, feitos de forma estratégica para gerar grandes impactos: compreender os novos rumos, traçar caminhos e liderar a transformação do negócio, dia após dia; criar plataformas de apoio à transformação necessária; adotar e difundir com o máximo empenho este que é o mantra da transformação [2].

A gestão de risco da inovação é um desafio complexo que requer uma abordagem multifacetada. Enquanto a vertente operacional se concentra na mitigação dos riscos associados ao investimento em startups, a vertente estratégica enfrenta o desafio de avaliar e mitigar o risco de não inovar.

Para alcançar o sucesso a longo prazo, as empresas precisam desenvolver estratégias robustas para lidar com ambas as frentes de risco, equilibrando investimentos em inovação com a necessidade de mitigar as incertezas associadas a esses investimentos.

Referências

[1] Claudio Cardoso e Francisco Perez (2023). Gestão de Riscos da Inovação (https://alfacollab.com.br/gestao-de-riscos-da-inovacao/).

[2] Claudio Cardoso e Francisco Perez (2023). Pequenos movimentos, grandes impactos (https://alfacollab.com.br/pequenos-movimentos-grandes-impactos/).

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