Claudio Cardoso | Alfa Collab | Abril 2022
A imagem do jovem inovador que muda o mundo com a sua startup disruptiva é fonte de inspiração para todos nós que vivemos nesta época de grandes transformações. Curiosamente, ao contrário dessa visão amplamente compartilhada, a média de idade dos empreendedores mais bem-sucedidos está na faixa dos 42 anos, conforme concluíram alguns levantamentos, tanto no Brasil como no exterior.
Quando observamos de perto a carreira de notáveis como Bill Gates, Steve Jobs ou Jeff Bezos, verificamos que as taxas de crescimento de seus negócios em termos de capitalização de mercado atingiram picos quando eles já estavam na meia-idade. Steve Jobs e a Apple introduziram a inovação mais lucrativa da empresa, o iPhone, quando Jobs tinha 52 anos. Jeff Bezos, fundador da Amazon, somente deslanchou com enormes valores de mercado após completar 45 anos de idade. Na verdade, nenhum desses fundadores proeminentes atingiu grande sucesso quando muito jovem.
Inevitavelmente, a inovação anda de mãos dadas com o risco e o imponderável. Do contrário, se sabemos com exatidão do que precisamos, muito provavelmente não estamos tratando de algo inovador. Por mais inquietante que pareça, como princípio, o mundo das certezas e das convicções perenes não é o mesmo das startups. Por natureza, a inovação carrega a marca da juventude, daquele que é arrojado e inventivo.
Uma pesquisa empreendida em 2018 pelo National Bureau of Economic Research (1) concluiu que a idade média dos líderes das startups de maior taxa de crescimento nos EUA é de 45 anos. Essa mesma pesquisa revela que a idade média varia por segmento. Assim, os melhores empreendimentos em TI foram fundados por pessoas mais jovens do que, por exemplo, as startups ligadas à indústria de óleo e gás, ou à indústria farmacêutica.
Equipes de trabalho em todas essas empresas de sucesso combinaram expressiva diversidade etária, desde integrantes muito jovens, passando pelo líder, e contando com profissionais de longa experiência. Esta diversidade favorece não apenas a inventividade das equipes pela combinação de repertórios variados, mas também fortalece o espírito de colaboração, fator decisivo para a conexão entre startups, empresas e investidores.
Aqui no Brasil não é diferente. Um estudo publicado pela Forbes concluiu que os fundadores das startups de maior sucesso tinham à época da criação das empresas a idade média de 31,6 anos. O número indica que, em geral, empreendedores adquirem experiência no mercado e liderança antes de fundar os seus próprios negócios.
O espírito jovem, aquele que cria o inesperado e inventa um novo mundo não tem idade. E as startups provam isso. Aliás, elas vão além e demonstram na prática o valor da combinação de experiência com juventude para trabalhar em forte cooperação e entregar inovação à sociedade.