Claudio Cardoso | Alfa Collab | outubro 2020
Diversificar ativos de risco pode ser um bom caminho para o VC brasileiro
Entre 2016 a 2019 o investimento em Startups no Brasil foi multiplicado, atingindo cerca de 2,5 bilhões de dólares no período. Boa parte desse montante é resultado direto de onze rodadas com mais de 100 milhões de dólares de aporte em cada uma, sendo que em nada menos que dez delas participou o fundo bilionário chinês Softbank. Somente a rodada do Nubank não contou com a sua participação. Esta Fintech alavancou nada menos que 150 milhões de dólares em sua Série E, em fevereiro de 2018.
Ao contrário da percepção popular, o Venture Capital (VC) desempenha papel secundário no financiamento da inovação de base. Ele tem mais afinidade com as iniciativas de alta escalabilidade em mercados promissores. Para entender o motivo do baixo investimento em pesquisa básica, basta notar que capitalistas de risco nos EUA aplicam em média cerca de 10% de suas carteiras em P&D. O grosso deste tipo de investimento fica com governos e grandes empresas de base científica, como a indústria farmacêutica, por exemplo.
Na verdade, o capital de risco desempenha seu melhor papel em estágios mais avançados do ciclo de vida da inovação, em especial na fase em que a iniciativa começa a comercializar e obter resultados. Venture Capital é um tipo de financiamento que oferece recursos financeiros antes das iniciativas empresariais se consolidarem, no início de suas operações ou ao atingirem patamares de faturamento razoavelmente promissores.
Fundos de VC são veículos de investimento privado que apostam em empresas em fases de maior risco para obter maior retorno. A ciência deste tipo de investimento está justamente na capacidade de avaliar os riscos e perceber o potencial de crescimento da iniciativa.
Fundamentalmente, o Venture Capital difere dos fundos mútuos e fundos de hedge porque se concentram especificamente em investimentos dos estágios iniciais de um novo negócio. Em regra, empresas que recebem investimentos de capital de risco têm alto potencial de crescimento, convivem com o risco e demandam novos investimentos gradativos à medida em que ultrapassem novas fases da escalagem.
Desafios e oportunidades em tempos de pandemia
Em geral, os próprios fundos de VC assumem um papel proativo em seus investimentos, fornecendo orientação empresarial e, frequentemente, ocupando assento no conselho de administração, além de desempenharem papel efetivo e prático na gestão e na operação.
Apesar do crescimento no número de fundos e gestores de Venture Capital no Brasil, o choque da pandemia provocou desaceleração nos investimentos. Por outro lado, o contexto atual de dólar alto combinado à uma taxa de juros no mais baixo patamar histórico, o investidor brasileiro não tem muitas opções de rentabilidade no próprio país senão na diversificação em ativos de risco. Apesar do quadro de dificuldades, Startups em estágios mais maduros ou de grande potencial em fases iniciais, podem se beneficiar de um legado nacional que estabeleceu fundos de boa experiência, como a Redpoint eVentures, Monashees+, QED Investors, Kaszek Ventures, Ribbit Capital, SP Ventures, 500 Startups e outros.