Claudio Cardoso | Alfa Collab | março 2022
Se bem orientadas por especialistas, startups podem se beneficiar extraordinariamente de processos de M&A
A sigla em inglês M&A (Merge and Acquisition), em português, Fusões e Aquisições, é um termo abrangente que descreve a consolidação de empresas ou de ativos por meio de vários tipos de transações financeiras, incluindo fusões, aquisições, consolidações, ofertas públicas, compra de ativos e outras.
Assim, quando alguém do mercado financeiro menciona M&A pode estar falando de coisas razoavelmente distintas. Por exemplo, uma fusão típica envolve empresas de tamanhos similares, em geral para unir forças e competir como uma única nova organização. Nesta linha, um acordo de compra também será chamado de fusão quando as empresas envolvidas concordarem que a união é a melhor alternativa.
Já as eventuais transações de aquisição hostis, nas quais as empresas-alvo não desejam ser compradas, são ainda consideradas aquisições. De outro lado, um acordo amigável pode ser classificado como uma fusão ou uma aquisição, tanto faz. Em outras palavras, a diferença está em como o negócio é comunicado ao conselho de administração, funcionários e acionistas da empresa-alvo.
Estamos diante de um processo difícil. É natural o surgimento de muitas dúvidas e receios durante o desenvolvimento de um M&A, muito pelo fato de que cada etapa demanda bastante empenho das equipes envolvidas, tanto do lado do comprador (buy side), quanto do vendedor (sell side). Apesar de atraente, o grau de complexidade de uma transação desta natureza causa inquietações em muitos empreendedores, particularmente em fundadores de startups: qual a melhor opção para o crescimento do negócio, quais são as etapas típicas de um processo de M&A, e qual o prazo médio para cada uma delas.
O ponto de partida para o melhor esclarecimento da questão é lembrar que todo M&A tem dois lados com motivações diferentes. Apesar de algumas das etapas de compradores e vendedores possuírem suas particularidades, o processo em geral é relativamente semelhante. Neste ponto vale a pena a leitura do artigo sobre as etapas típicas do M&A de startups, publicado em outubro de 2021 pela aceleradora ACE.
O fato é que, apesar dos desafios, empresas continuam adquirindo outras empresas por meio de fusões e aquisições, especialmente startups promissoras, que resolvem de forma inovadora problemas reais do mercado. Nunca devemos esquecer que dois dos principais impulsionadores do capitalismo são a competição e o crescimento. Quando uma empresa enfrenta a concorrência, ela pode cortar custos e inovar ao mesmo tempo. Uma solução para este dilema é adquirir concorrentes para que eles não sejam mais uma ameaça. Desde que a empresa seja poderosa o suficiente para tanto.
Em outra direção, empresas também podem adquirir novas linhas de produtos, ou uma patente diferencial, ou ainda, capital humano de alto desempenho. Também podem adquirir bases de clientes para entrar em novos mercados de forma bem mais rápida e agressiva. Além dessas abordagens, bastante aderentes aos processos de M&A, duas ou mais empresas podem buscar sinergias. Ao combinar suas atividades de negócio, a eficiência geral tende a aumentar e os custos tendem a cair à medida em que cada uma aproveita os pontos fortes da outra.
Startups se adequam a várias dessas alternativas de forma especial, tanto porque sempre agregam abordagens inovadoras, com alto potencial de crescimento. Ainda melhor se identificadas em fases iniciais de tração, com preços de aquisição muito recompensadores. Recentemente foram publicados os resultados de janeiro do ecossistema brasileiro de startups, que encerrou o primeiro mês de 2022 com o maior número de fusões e aquisições jamais registrado. Segundo o Distrito, foram 20 M&A ao longo do mês, com destaque para a compra da Stilingue pela Take Blip, e da InovaMind pela Totvs. A Neogrid, gigante brasileira de software para gestão de supply chain, anunciou em dezembro de 2021 a aquisição de 51,1% da Predify, uma das primeiras startups do Alfa Collab. A plataforma de otimização de preços para produtos e serviços recebeu 4,35 milhões pela fatia cedida. O CEO da startup, Carlos Schmiedel, afirma que a aquisição abriu as portas para um novo ciclo de crescimento e de maior capacidade competitiva da empresa.